Épido


A mulher tentou gritar, pedir ajuda, mas foi em vão, sua boca estava amordaçada, suas mãos amarradas na cabeceira da cama. O único ato voluntário que conseguiu fazer foi fechar os olhos quando o facão na mão do agressor descia sobre a cabeça de seu marido. Manteve os olhos fechados, rezando, implorando a Deus que aquilo fosse um sonho, que logo acordaria. Sentiu a agressor subindo por cima dela, sua mordaça sendo retirada da boca, respirou fundo e abriu os olhos. Lá estava o rosto do garoto, dezessete anos mais jovem, com um sorriso louco e olhos de admiração.
- Por quê? Porque você está fazendo isso?
- Porque eu sempre lhe amei, e me doía saber que você nunca ficaria comigo
- Não seja louco, eu não poderia, sou sua mãe, você não entende a loucura disso tudo?
- Entendo que se não posso ter você, ninguém mais poderá.
A mãe não teve tempo de dizer mais nada, sentiu a faca entrando em seu peito. O agressor fechou os olhos, beijou-lhe a boca. A mãe morreu enojada com aquele ato, se arrependendo de ter dado amor demais aquela criança.
O filho ficou deitado com a mãe até o dia amanhecer, acabou adormecendo umas duas ou três vezes, mas sempre coisa rápida demais. Depois acordou de vez, deu um outro beijo na mãe e jurou “Eu te encontrarei em outra vida, uma vida onde nosso amor não seja proibido”. E então, se matou!

Nenhum comentário: