O vendedor


Ivison havia organizado tudo para sua morte, tirara todos os móveis da sala, deixando apenas uma cadeira no meio, logo embaixo ao lustre com a corda que o enforcaria. Respirou fundo, deu dois passos adiante e fechou os olhos, procurando em sua mente a coragem que precisava para seguir em frente com o plano, infelizmente seus pensamentos foram cortados pelo som da campainha.
Ao abrir a porta Ivison se depara com um senhor no auge de seus sessenta anos, todo bem vestido com um paletó, uma mala na mão e um sorriso amarelo de quem abusa diariamente da nicotina.
- Em que posso ajudá-lo?!
- Bom dia, meu jovem, eu sou um vendedor, gostaria de lhe oferecer alguns produtos.
- Desculpe-me, eu não estou interessado – falou Ivison, fechando a porta.
- Você nem sabe o que eu vim lhe oferecer? – Falou o vendedor, segurando a porta.
- Eu realmente estou sem tempo agora senhor, estou no meio de um assunto importante.
- Hahahahaha – Riu o velho – O jovem fala como se estivesse prestes a se matar.
- Ham?!
- Dê um olhada nos meus produtos, depois você me diz o que achou – Começou a tirar vários papeis do bolso e entregou ao jovem que começou a ler.
- Dinheiro? Mulheres? Poder? Que tipo de piada é essa?!
- Não é piada não meu jovem, eu realmente estou vendendo essas coisas, basta apenas me dá em troca sua alma.
- Minha alma?
- Exatamente, mas não irá pagar agora, e então, vai querer? Basta assinar a linha pontilhada. E na compra dos três você ganha de brinde um excelente relógio banhado a ouro, claro que na compra de mais de um produto, chegará mais rápido o dia do pagamento.
- Na moral meu senhor, eu não mexo com essas coisas não, eu acredito muito em deus e tal.
- Você acredita tanto a ponto de amarrar uma corda no seu lustre?
- O que? Como o senhor sabe?
- Eu sei de muitas coisa meu jovem, além do que, o lustre não agüentaria seu peso, no máximo o que você conseguiria era uma queda e uma enorme dor nas costas.
- Mas, mas...
- Eu tenho outras casas para passar meu jovem, e então? Vai levar algum produto ou não?
- Está bem, eu vou – Pegou uma caneta, assinou os três papeis.

- Muito bem meu jovem, foi um prazer fazer negócios com você – Entregou-lhe o relógio – Mas, me diga uma coisa, quando foi a última vez que seu Deus lhe deu um relógio de presente? Hahahaha – falou o velho enquanto ia embora.

FIM

Nenhum comentário: